Escrito por Jussara Camata com texto de Carol Leão
O corpo fala?
Sim, "O Corpo Fala" é uma expressão que destaca a importância da comunicação não verbal. Nossos gestos, posturas, expressões faciais e outras formas de linguagem corporal podem revelar muito sobre nossos sentimentos e pensamentos, muitas vezes de maneira mais honesta e direta do que as palavras. Estudar a linguagem corporal pode ajudar a compreender melhor as emoções e intenções das pessoas, além de melhorar nossa própria comunicação e interação social.
Percebe a importância de prestar atenção aos sinais do corpo? Afinal ele é, ele está intrinsicamente ligado à nossa mente.
A atualidade já tem conteúdo suficientemente produzido para sabe-se lá quantos milhões de horas de acesso e que facilmente podem desviar o nosso foco diário. Concorda?
Para abordar sobre esses reflexos e aprofundar a importância do autoconhecimento em nosso desenvolvimento convidamos a psicóloga Carol Leão que integra aspectos cognitivos comportamentais para a mudança de padrões em favor ao bem-estar.
“Muito se fala hoje, sobre burnout e o esgotamento no ambiente de trabalho, causado pelas jornadas excessivas e a exaustão mental, mas hoje eu queria te convidar a refletir: o que o seu autoconhecimento tem a ver com tudo isto?
Autoconhecimento é o processo contínuo de compreender profundamente a si mesmo. De uma forma um pouco mais concreta: conseguir identificar, reconhecer e validar as suas próprias emoções, pensamentos, valores, crenças, e comportamentos.
É a capacidade de olhar para si.
Uma pesquisa da International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR) mostrou que 72% dos brasileiros se sentem estressados no trabalho e 32% dos brasileiros sofrem de síndrome de burnout. Mas podemos ir além do Burnout, hoje o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo e na América Latina, o país com maior prevalência de depressão segundo a OMS. Ou seja, temos um problema real de saúde mental acontecendo.
E não tem como falarmos de saúde mental e não falarmos de ambiente. Os ambientes podem sim potencializar os quadros de adoecimento mental das pessoas.
Então, o que pode nos ajudar a prevenir tudo isso? O autoconhecimento, sem dúvida, nos protegerá de grandes ciladas.
Autoconhecimento é uma jornada necessária.
Foto: Unsplash
Eu passei muitos anos me culpando porque tive uma série de comportamentos que não conseguia justificar muito o porquê. Não entendia porque a minha atenção se dispersava com tanta facilidade, porque algumas atividades eram tão custosas pra mim e me davam tanta vontade de procrastinar, porque mesmo sendo muito empática e preocupada com as pessoas eu me sentia um pouco tímida nos ambientes e o porque eu sempre precisava de um papel do meu lado, porque se não facilmente as coisas se perdiam.
Eu passei anos da minha vida tentando hiper compensar estes comportamentos. Eu me forçava a estar nos eventos sociais (sem muitas vezes estar com vontade), eu passei do meu horário de trabalho muitas e muitas vezes para revisar o que eu havia feito ou para finalmente fazer aquilo que eu tinha passado o dia procrastinando, eu criei uma série de estratégias para fugir de possíveis falhas e erros e eu terminava o dia parecendo que eu tinha corrido uma maratona, de tão exausta que eu me sentia.
E sem dúvidas, isto me ajudou por bastante tempo, mas como tudo na vida, a conta sempre chega, e em relação a minha saúde mental ela custou bem caro. Crises recorrentes de ansiedade, baixa autoestima e uma síndrome da impostora que parecia não ter fim.
Até que um diagnóstico chegou pra mim, as coisas passaram a ter um nome: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
E sabe por isso foi um grande divisor de águas pra mim? Porque eu passei a me conhecer.
Hoje eu sei quais hábitos eu preciso ter na minha vida pra me manter bem, qual horário do dia eu sou mais produtiva, qual eu sou menos, o que me deixa desconfortável, quais ambientes me ajudam ou atrapalham.
Isto me ajudou a conseguir ter um olhar clínico em relação aos lugares, equipes e pessoas. Eu sei o que vai funcionar pra mim e o que não vai.
Foto: Unsplash
Então hoje eu quero te convidar a refletir, independente de como esteja a sua carreira, das dificuldades que você está enfrentando, voltar o olhar para si mesmo: O que você tem falado pra você mesmo quando aquele projeto não dá certo? Quando você erra? Porque você faz o que faz? O que tem te motivado? Quais hábitos você tem mantido na sua vida e que vão te ajudar a ter uma boa saúde mental? Quais ambientes e pessoas te fazem bem e quais estão te adoecendo?
Saúde mental é algo que precisa ser construído dia após dia, e nada mais é do que uma consequência das nossas escolhas e decisões diárias.
Você é a pessoa com quem você mais convive, como está sendo essa convivência?
Livros e outros insights:
No livro “Porque ninguém me disse isso antes?” você encontra dicas e ferramentas práticas para ansiedade, insegurança ou depressão. com resiliência e capacidade de assumir o controle da própria vida.
No livro “A coragem de não agrad ar” a filosofia pode ajudar você a se libertar da opinião dos outros, superar suas limitações e se tornar a pessoa que deseja.
No documentário: “Atlas do coração” Brené Brown, que está disponivel no HBO, com 5 episódios, a pesquisadora entra numa jornada interativa sobre a linguagem, ferramentas e estrutura de conexões significativas.
No Podcast: “Psico pra vida” insights para aplicar na vida e melhorar/mudar tudo que possa tornar sua vida, de uma forma simples, mais feliz e descomplicada.
No Podcast: “Eurekka” áudios criados por psicólogos para você ser mais constante e maduro.
Edição de Letícia Becker.