Protagonismo Feminino
Escrito por Cris Dorini, com textos de Aline Savi e Daniele Santos
Dias atrás vimos repetidamente a imagem da Anitta ganhando pela segunda vez consecutiva o prêmio VMA Video Music Awards na categoria de melhor vídeo clipe latino. O que inspirou muitas de nós foi o final de seu discurso de agradecimento: “Eu quero agradecer a mim mesma porque eu trabalho demais."
Isso que eu chamo de protagonismo feminino, ela não teve medo nem vergonha de se colocar.
Recentemente a Forbes publicou a respeito do poder feminino na economia. "Beyoncé, Barbie e Taylor Swift já provaram que há um inegável poder feminino na economia. Enquanto o filme dirigido por Greta Gerwig se tornou o longa de maior bilheteria do ano com apenas seis semanas nos cinemas, as cantoras estão fazendo as maiores turnês de suas carreiras e impactando as economias americana e mundial.”
Segundo a revista, as mulheres representam 85% dos gastos de consumidores globalmente, o que se traduz em mais de US$ 31 trilhões (R$ 152 trilhões) por ano. Esse número astronômico representa uma verdadeira mina de ouro para as fintechs, um setor que, ironicamente, continua sub-representado pelas mulheres. De acordo com uma pesquisa da Deloitte, globalmente, elas representam menos de 30% da força de trabalho do setor e apenas 8% ocupam cargos de liderança.
Com esse panorama podemos pensar que se queremos assistir mais protagonismo feminino, precisamos ajudar no desenvolvimento de uma cultura de protagonismo feminino. Convidamos a Aline Savi, aluna TRIO especialista em imagem pública para nos trazer um panorama do feminino na política, com o mesmo ponto de vista ela nos lembra que se desejamos ser melhor representadas, precisamos participar mais.
"A busca pela igualdade entre os gêneros, na política, não é um intento recente. Esta é a batalha diária de muitas mulheres: o direito à maior representatividade, a serem ouvidas de maneira igualitária nas diferentes esferas de poder do Estado.
Nosso país, atualmente, ocupa o 142º lugar no ranking mundial de representatividade feminina na política e, na América Latina, somos o 3º lugar. Sim, há muito o que ser feito e os avanços não estão caminhando à passos largos.
Nós, mulheres, precisamos ocupar cadeiras de poder para participarmos mais ativamente da proposição de políticas públicas como as de enfrentamento ao machismo, ao racismo, à violência contra a mulher e à defesa do direito de maternar, por exemplo.
A Lei das Eleições estabeleceu as cotas mínimas de 70% e 30% na participação de gênero, mas isto não tem contribuído muito para a igualdade na política. Uma vez que, além da realidade histórica de participação mínima feminina, ainda temos que lidar com as famosas e infames “candidaturas laranja” (candidaturas de mulheres escolhidas à esmo e que só estão lá para cumprir uma obrigatoriedade da lei).
Mulheres desempenham inúmeras funções ao longo do dia, dentro e fora de casa, muitas são arrimos de família, chefes do lar e precisam prover, isto faz com que o tempo seja escasso; já outras vivem sob um regime machista que vê a política como um universo masculino. Nosso país tem proporções continentais e muitas realidades coexistem, umas mais avançadas e outras necessitando urgentemente de uma atualização.
Imprescindível desenvolver uma rede de apoio e incentivo à representatividade feminina nos pleitos eleitorais. Quanto mais mulheres estiverem inseridas na política maiores as possibilidades de fazer deste universo um lugar mais justo e igualitário.
Lugar de mulher é na política.
Política é sim assunto de mulher."
Trazendo o assunto para uma perspectiva de auto responsabilidade precisamos falar sobre nossa capacidade de assumir papeis de liderança. Quando aceitamos nossa própria vulnerabilidade e, como diz Brene Brown (alguns livros e outros insights) “vencer a vergonha e ousar ser quem você é" .
A Daniele Santos, psicanalista e especialista em Costumer Expirience, reforça esse ponto de vista.
"Protagonista ou impostora?
A capacidade de as mulheres assumirem papéis de liderança, defenderem seus direitos e conquistarem igualdade de gênero normalmente é definida como “protagonismo” e envolve superar desafios, quebrar estereótipos de gênero e promover mudanças significativas para uma sociedade mais equitativa e justa.
Ao longo dos séculos, as mulheres tiveram que lutar contra as limitações impostas pela sociedade, que muitas vezes as relegava a papéis secundários, mas, elas nunca se resignaram a esse destino e em vez disso, levantaram suas vozes, desafiaram as normas estabelecidas e abriram caminho para um futuro mais igualitário.
Um estudo da Grant Thorton mostra que cerca de 38% das mulheres ocupam cargos de liderança no Brasil, essas mesmas mulheres, líderes em seus segmentos, já se sentiram uma imensa fraude – ainda não descobertas – e prestes a ruir.
O que faz com que passemos de “donas da bola” para “farsantes dissimuladas” é a tal síndrome da impostora, sentimento cunhado pela primeira vez em 1978 pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imes.
De acordo com elas, pelo menos uma vez na vida cerca de 70% das pessoas se sentirão uma "fraude" no trabalho.
Emma Watson, Michelle Obama, Maya Angelou e Tom Hanks já falaram abertamente sobre suas experiências relacionadas à síndrome do impostor, que não afeta só as mulheres, mas, infelizmente, somos maioria na representatividade.
Um estudo feito pela KPMG mostra que a síndrome abala a confiança de 75% das mulheres no mercado. A impostora é uma mestra em minimizar suas próprias realizações, atribuindo seu sucesso a fatores externos ou sorte.
Insegurança, autossabotagem, sensação de "não pertencer", necessidade de ser mais qualificada em tudo, de não deixar brechas, para que ninguém perceba a "grande fraude" que se é, são sempre recorrentes.
E como evitar cair nesta armadilha? Autoconhecimento, mas não só.
Concentre-se nos fatos: não invente o que não é;
Reconheça, reitere e saiba deixar para lá;
Compartilhe seus sentimentos;
Ajuste seus pensamentos;
Tenha uma pessoa para te mentorar;
Divulgue suas conquistas;
E essa síndrome, já bateu por aí?
O que você faz para colocá-la em seu devido lugar?"
Ser protagonista de nossa própria historia é, por fim, experimentar incertezas e ter coragem de nos expormos. Na TRIO temos nos desenvolvido em nossas rodas de conversa, grandes temas seguem sendo debatidos como oportunidades de nos estimularmos a ocuparmos papéis de protagonismo em nossas vidas, fique de olho em nossa agenda.
Alguns livros e outros insights:
Coordenação Djamila Ribeiro, Autora: Joice Berth. “Empoderamento: Feminismos Plurais”. Editora: Pólen Livros. 2019.
Brene Brown. “A Coragem de Ser Imperfeito” Editora: Sextante. 2016.
Kate Schatz. “Mulheres Incríveis”. Editora: Astral Cultural. 2017.
Séries:
“Minha vida nada Ortodoxa” (Netflix): Acompanhe Julia Haart, CEO do Elite World Group e ex-membro de uma comunidade judaica ultraortodoxa, e seus filhos adultos neste reality show.
“A Diplomata” (Netflix): Em meio a uma crise internacional, uma diplomata de sucesso precisar lidar com a carreira de embaixadora e um conturbado casamento com um político influente.
“Fleabag” (Amazon): Uma jovem busca se adaptar à vida moderna em Londres enquanto tenta lidar com uma tragédia recente.
“Little Fires Everywere” (Amazon): O destino entrelaça perfeita família Richardson e uma mãe e filha enigmáticas, mudando suas vidas.
“Scandal” (star +): A Diretora de Comunicações da Casa Branca deixa sua posição para abrir a sua própria empresa de crises empresariais e políticas, apenas para descobrir que não deixou o passado para trás.
“Homeland” (Netflix): Um soldado americano desaparecido é recebido como herói quando regressa depois de passar oito anos em cativeiro no Iraque. Mas, uma analista da CIA suspeita da história e acredita que ele possa ser um enviado pelos terroristas para atacar os EUA.
“The Moorning Show” (Apple TV): Vencedora do Emmy®, esta série realista e sem rodeios analisa o ambiente de trabalho contemporâneo através das pessoas que ajudam a América a acordar.