Escrito por Jussara Camata com texto de Raíssa Fernandes
Se reconhecer introvertida ou extrovertida é uma descoberta fundamental no processo de autoconhecimento.
Te proponho a pensar comigo: Qual é a atitude que dirige a sua energia psíquica, intro: para dentro ou extro: para fora?
Queremos ampliar a perspetiva no sentido de que esses perfis são aptidões pessoais, e a tomada de consciência quanto ao nosso nos permite ajustar expectativas e encarar assim a vida com mais leveza.
A definição para a introversão não tem relação com a timidez ou com ser uma pessoa pouco sociável. Uma pessoa introvertida é aquela que valoriza o descansar, a reconexāo, o recarregar. Não é solidão é solitude. Não é sobre ter dificuldade em lidar com outras pessoas mas sobre ter limites e consciência de como gastar a sua energia.
Na extroversão, a pessoa se revigora ao estar entre outras pessoas, tem facilidade para se expor, ficar sozinho gera aflito. Por conta de suas atitudes expansivas associamos pessoas extrovertidas com a alegria e a felicidade.
No livro O poder dos quietos: Como os tímidos e introvertidos podem mudar um mundo que não para de falar, a autora Susan Cain diz: “Esse ideal da extroversão nos levou a subestimar os introvertidos. Ao pressioná-los a serem mais expansivos, acabamos obstruindo sua criatividade e seu potencial de liderança, fazendo com que todo mundo saia perdendo."
Passado o tempo da pandemia, muitas pessoas se descobriram introvertidas e o compartilhar dessa clareza nos permite facilitar boas reflexões. Convidamos a jornalista e pesquisadora em neurociência e psicologia Raíssa Fernandes para ampliar a partir de seu relato pessoal.
Foto: Unsplash
“Sua introversão pode ser o seu poder. Como me descobrir introvertida ajudou a explorar o meu potencial.
Eu nunca entendi muito bem porque a minha bateria social simplesmente acabava mais cedo que a bateria dos meus amigos ou porque sempre saía da mesa do almoço de família direto para o meu quarto antes de todo mundo.
Eu sempre fui sociável. Tenho amigos em diferentes contextos e nunca me considerei tímida, por isso jamais pensei ser introvertida.
Até que, vivendo um processo de desenvolvimento pessoal, descobri que introversão e timidez não são sinônimos. Uma pessoa introvertida não é necessariamente tímida - e sim alguém que se recarrega a sós e não com os outros, como acontece com extrovertido.
Uma pessoa introvertida gosta de ouvir música, mas não o tempo todo. Uma pessoa introvertida precisa de muita energia para ouvir áudios no WhatsApp ou manter conversas virtuais ricas em detalhes por muito tempo.
Quando me reconheci introvertida, finalmente entendi muita coisa sobre eu mesma e parei de estranhar o meu comportamento em comparação às pessoas do meu convívio.
Foi essencial para o meu autoconhecimento, mas, acima de tudo, para que eu me tratasse com mais amor, paciência e acolhimento. Tanto que quis passar essa mensagem adiante, pois outro desafio é ser aceita por ser diferente e manter laços de amizade com quem, simplesmente, possui outra dinâmica de comunicação.
Quando me tornei consciente do quanto me machucava tentar agradar e corresponder às expectativas dos outros, passei a respeitar a minha necessidade de solitude, assim como respeito a necessidade de socialização das pessoas que amo - tarefa nada simples, já que a extroversão se tornou quase um requisito para o sucesso na sociedade em que vivemos.
Se você se identificou, aproveito para compartilhar um trecho de O poder dos quietos, de Susan Cain, que me ajudou nessa descoberta: "o amor é essencial; a sociabilidade é opcional. Valorize aqueles que são mais próximos e queridos para você. Trabalhe com colegas de quem goste e a quem respeite (...). E não se preocupe em socializar com todos os outros. Relacionamentos deixam todos mais felizes, inclusive introvertidos, mas pense mais na qualidade do que na quantidade".
Por isso, em vez de gastar energia tentando ser igual a todo mundo, simplesmente comece explorando seu potencial e todas as coisas que te fazem ser você: sua sensibilidade, seu poder de concentração e seu discernimento. Selecione melhor para onde direcionar seu tempo, energia e atenção e veja mágicas acontecendo!
Nós, introvertidos, também somos muito necessários para o mundo - e, é claro, para nós mesmos.”
Alguns livros e outros insights:
Ler: “O poder dos quietos: Como os tímidos e introvertidos podem mudar um mundo que não para de falar.” A autora Susan Chain escreve com sensibilidade e bom humor e ensina os introvertidos a tirar proveito de seu jeito de ser e aumentar sua autoconfiança.
Ler: “Pessoas altamente sensíveis: Como lidar com o excesso de estímulos emocionais e usar a sensibilidade a seu favor.” Após anos de estudos para compreender o próprio comportamento, a pesquisadora e psicóloga Elaine N. Aron se tornou pioneira ao identificar a alta sensibilidade como um traço de personalidade inato – muitas vezes confundido com fraqueza, timidez ou mesmo “frescura”.
Ler: “O poder dos ciclos femininos: As respostas para entender seu ciclo menstrual, altos e baixos emocionais e fazer uma revolução dentro de si.” A Kareemi autora e criadora da metodologia Ginecologia Emocional®, dedica-se a ajudar as mulheres a desenvolverem o autoconhecimento cíclico, permitindo-lhes descobrir o poder do oráculo incrível que flui mensalmente em nossos corpos e psique: o ciclo menstrual.
Ler: “A liberdade é uma escolha: Lições práticas e inspiradoras para ajudar você a se libertar de suas prisões mentais” A Dra. Eger joga luz sobre as principais crenças que limitam nossa liberdade e nos ensina a mudar os pensamentos e comportamentos que nos mantêm presos ao passado.
Podcast: “Rir é preciso: Descubra a ciência por trás do humor e aprenda a usá-lo para atravessar períodos difíceis e criar relações mais próximas.” Clique aqui. O psiquiatra Daniel Martins de Barros leva o riso a sério. O livro trata de grandes temas humanos com narrativa cativante e paixão pelo bom humor.
Podcast: “Introvertido ou Extrovertido: qual deles é você?”. Clique aqui. A psicóloga Patrícia Pancoti do Podcast Autoestima na Prática compartilho a diferença entre ser Introvertido ou Extrovertido.
Edição de Letícia Becker