Explorando a importância de um relacionamento saudável com o dinheiro
Escrito por Eliane Tanabe e Dra. Valéria Meirelles
Diretamente da programação de nossas Rodas de Conversa convidamos duas especialistas para ampliarmos o tema "Relação com o Dinheiro”, um assunto tão delicado quanto importante.
Talvez por conveniência cultural, pouco trocamos sobre o tema, como se não fosse parte essencial da vida material que levamos.
Muitas de nós viemos a encarar algum tipo de dificuldade nessa relação quando enfrentamos mudanças no status financeiro. Seja por um casamento ou uma separação, uma demissão ou uma mudança para uma carreira autônoma, com a chegada dos filhos ou o sustento de eventual necessidade adicional. Passar uma vida ignorando a importância no cultivo dessa relação com o dinheiro é quase impossível.
Quisemos trazer esse assunto para a roda como meio de te inspirar a refletir e assumir uma postura proativa neste cultivo.
De um lado precisamos nos abrir para o planejamento financeiro. Encarar que uma organização material é o primeiro passo para definir nossos objetivos e proporcionar um fluxo próspero de vida. Vai além das metas que nos colocamos, é um meio de trazer foco para os nossos sonhos.
Para a Eliane Tanabe, profissional à frente da Splendys Planejamento Financeiro Pessoal, organizar é o primeiro passo para obtermos leveza e equilíbrio em nossas finanças, ela complementa:
"Planejamento financeiro é algo com que os brasileiros não estão acostumados. Mas isto não o torna menos importante. Num primeiro momento, parece que uma boa planilha ou um caderninho de contas é suficiente para entendermos a real situação financeira em que nos encontramos. Contudo, a realidade nos mostra que a vida financeira apresenta diversos desafios e que para superá-los precisamos de um profissional de confiança que consiga visualizar os caminhos e oferecer o suporte e os instrumentos para nos firmarmos e termos uma vida equilibrada.
No Brasil, esse tema é relativamente novo. Nos EUA, uma das maiores economias do mundo, este profissional é denominado Personal Financial Adviser ou Financial Planner (similar ao nosso Planejador Financeiro Pessoal). Este profissional busca estudar a saúde da sua vida financeira, análogo a um médico de família, e entender o cerne do problema para te ajudar a se recuperar e estruturar financeiramente. Por isso que em países com esta cultura, como Estados Unidos e Canadá, este profissional é amplamente consultado e já faz parte da vida da maior parte das pessoas.
São 6 os pilares para uma vida plena, conscientize-se de cada um deles!
1 Organização
2 Fazer o dinheiro trabalhar para você
3 Dividir para conquistar, após uma sucessão patrimonial
4 Gerencie seus riscos para evitar ficar vulnerável
5 Seu bem-estar sustentável hoje e no futuro
6 Impostos e eficiência fiscal"
O equilíbrio passa pela organização que efetivamente acontece quando ajustamos nosso mindset para o assunto, nos abrindo e nos conscientizando da importância de termos mais fluência sobre o tema no decorrer de nossa vida.
Como enfrentamos - principalmente o público feminino - uma problemática cultural que não nos estimula e muitas vezes provoca pequenos traumas, precisamos construir meios para explorarmos o assunto com mais coragem e protagonismo.
Invariavelmente precisamos avaliar como lidamos com o assunto no aspecto emocional. Para ampliarmos, chamamos a doutora e escritora Valéria Meirelles, psicóloga pioneira da Psicologia do Dinheiro no Brasil, para falar a respeito.
"A Psicologia do Dinheiro é uma área da Psicologia Econômica, que surgiu na Universidade de Londres há 25 anos e segundo seus autores, Furnham e Argyle (1998/ 2007, p.5-6) “interessa-se pelos significados psicológicos que as pessoas dão ao dinheiro, como suas crenças e atitudes se estabelecem e como as usam quando adultos. […]”. E eu acrescentaria: quais os efeitos das emoções que o dinheiro desperta nas relações humanas.
Algumas de suas áreas de pesquisa são: dinheiro e felicidade, compreensão do mundo econômico, socialização econômica e boa parentalidade, patologias financeiras: dinheiro e saúde mental, dinheiro e motivação no espaço de trabalho.
Da minha parte, foquei em atitudes, crenças e comportamentos, diferenças entre sexo, dinheiro e família e patologias financeiras, com especial ênfase em nós mulheres. Pude constatar tanto nas pesquisas quanto na prática profissional o quanto temos dificuldades para lidar com nosso dinheiro, não importando a raça, gênero, idade, nível sócio econômico.
E a Psicologia do Dinheiro, que é uma ciência que “conversa” com várias outras áreas, incluindo a Educação Financeira, vem nos ajudar a entender melhor as razões pelas quais ainda temos dificuldades para lidar com nosso dinheiro, de maneira a administrá-lo e investi-lo bem, cuidando de nós, de quem amamos e também de nosso futuro.
Tais dificuldades aparecem por exemplo na hora de negociarmos nossos salários ou serviços, na relação com o / a companheira em termos de organização financeira do casal, em dar mesada aos filhos, ajudar parentes, entre tantas outras, que a médio e longo prazo podem impactar em nosso emocional e nossa vida como um todo.
E isto porque infelizmente ainda existe em nossa sociedade uma cultura que não favorece ou estimula cuidarmos bem de nosso dinheiro ou que prestemos mais atenção a ele. A ponto de que quando somos chamadas a fazê-lo, reagimos com sentimentos negativos de inadequação e insegurança, conforme visto na minha tese.
Entender o uso do dinheiro e suas emoções é fundamental para a compreensão de comportamentos financeiros. Tanto quanto entender de números, fazer contas e saber planejar, faz-se necessário considerar as emoções e aprendizagens em relação ao uso do dinheiro, os motivos que levam a determinadas decisões e mais ainda, as consequências na vida das pessoas, especialmente de nós mulheres.
Pois é através da compreensão psicológica do uso do dinheiro é que poderemos construir práticas financeiras mais efetivas e assim, atingirmos resultados à altura de nossas reais competências, passando a protagonistas de nossas histórias.”
Notamos que negar o conhecimento de um assunto tão relevante para a conquista de nossos desejos é abrir mão, efetivamente, de um protagonismo pessoal.
Consolidamos o convite e concluímos o pensamento dessa newsletter com a troca latente na atmosfera da ocasião de nossa Roda de Conversa, que aconteceu na última quinta-feira: como qualquer novo hábito, precisamos nos abrir para o assunto para que os temas como dinheiro/valor/preço/planejamento sejam mais comuns em nossa rotina e posicionamento.
Só assim avançamos para um relacionamento saudável. Todos temos, em diferentes graus, questões que nos dificultam e por vezes bloqueiam uma vida mais próspera. O auxílio dos profissionais que citamos é o caminho mais feliz se você se sentir limites nessa jornada.
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Alguns livros e outros insights:
Ler: “O uso do dinheiro na vida adulta: uma perspectiva da Psicologia Clínica e da Psicologia do Dinheiro”: Valéria Maria Meirelles e Rosane Mantilla de Souza. Ed. Atlas, 2015.
Ler: “The Psychology of Money”: Adrian Furnham e Michael Argyle. Ed. Routledge, 2007.
Ler: “A Psicologia do Dinheiro: descubra como as emoções influenciam nossas escolhas financeiras e aprenda a tomar decisões mais inteligentes” Dan Ariely e Jeff Kreisler. Ed. Sextante, 2019.
Ler: “A Psicologia Financeira: lições atemporais sobre fortuna, ganância e felicidade”: Morgan Housel. Ed. Harper Collins, 2021.
Ler: “O lado invisível da Economia: uma visão feminista”. Katrine Marçal. Ed. Alaúde, 2017.
Ler: “O sexo oculto do dinheiro: formas de dependência feminina”: Clara Cria.Ed. Rosa dos Ventos, 1996.
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