DIVERSIDADE
Escrito por Erika Rampazo com texto de Alex Marcel
“Diversidade eu convido para o baile, inclusão eu convido para dançar” Vernã. Meyers – VP de estratégia de inclusão da Netflix.
Somos vários e cada um nós possui uma forma de perceber a vida. Cada qual em sua crença, cultura, experiência, raça, gênero e orientações afetivos – sexuais; somos seres diversos fazendo parte de um todo comum humano. É na pluralidade que temos a oportunidade de aprender e de praticar perspectivas que só acontecem com a troca, e habilidades como a empatia, a compreensão do diverso, a inteligência emocional para lidar com temperamentos distintos entre outros aspectos.
Ao longo da nossa vida, somos impactados de maneira particular por uma quantidade imensa de informações que moldam as nossas crenças e valores, vivências que ficam armazenadas em nosso cérebro e programam um "tipo de ser” com pré conceitos sobre tudo e todos, o tempo todo. Esse processo acontece de forma natural e inconsciente, é como processamos a vida. Como resultado nos comportamos de maneira automática e individual em diversas situações; essa "forma de ser” acaba por oferecer um "tom individual” de viés cognitivo ou inconsciente (termos utilizados por neurocientistas para explorar como armazenamos de maneira sempre particular nossas experiências).
"Vieses inconscientes são estereótipos aprendidos que são automáticos, não intencionais, profundamente enraizados, universais e capazes de influenciar o comportamento." Wikipedia
Pela maneira como somos programados, seremos sempre naturalmente diversos, independentemente de nossa característica de distinção visual ou comportamental. Abrir espaço para refletir sobre diversidade a partir das experiências e vivências de cada um foi o que fizemos na Roda de Conversa desse mês. Ampliamos o assunto para trazer luz e contribuir no acolhimento das diferenças, valorizando a particularidade de cada indivíduo como ato primeiro de pertencimento em um grupo. E é dentro desse contexto que acreditamos que a existência de modos diversos de ser, agir e pensar favorecem o ambiente em que estamos inseridos.
Aqui queremos impulsionar o pensamento para o tema e te instigar a promover a inclusão na prática. Para isso é importante entendermos a diferença entre diversidade e inclusão.
Diversidade é a qualidade daquilo que é diverso, múltiplas características que se diferenciam entre si. Podem ser características físicas, culturais ou comportamentais.
Na Inclusão eu reconheço que as diferenças existem, entendo, respeito e promovo uma integração para criar um ambiente de pertencimento em que todos juntos se sintam reconhecidos e maiores.
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É sobre essa perspectiva que convidamos Alex Marcel, mestre em Aconselhamento Genético e Genômica Humana para refletir sobre o tema.
Diversidade é vida.
Imagine um mundo em que todas as roupas fossem de uma única cor ou no qual em todos os estabelecimentos comerciais houvesse o mesmo cheiro forte de um aromatizador de ambientes que causasse crise de rinite ao primeiro espirro. Agora pense como seria viajar a uma cidade em que todos os restaurantes oferecessem o mesmo prato, com os mesmos temperos, acompanhado da mesma garrafa de vinho. O mundo dessa forma seria extremamente sem graça, monótono, triste. Seria um mundo sem vida.
O conceito de vida é bastante controverso, motivo para calorosos debates científicos, filosóficos e religiosos. Discussão nenhuma, no entanto, é capaz de invalidar a importância que atribuímos ao fato de estarmos vivos. Sobrevivência, instinto e até mesmo características mais subjetivas, como a busca por felicidade são aspectos de seres que querem permanecer vivos e fazendo parte da convivência entre seus pares e outras diferentes formas de vida. Nós, humanos, por meio de nossa consciência, atribuímos valores ainda mais sublimes ao fato de estarmos vivos. A emoção de um pai e uma mãe de primeira viagem, o abraço em um familiar após um longo período de viagem, a descoberta de um grande amor que se torna uma família contrastam de maneira evidente com a tristeza e a sensação de impotência experimentadas diante da morte.
Há outro conceito que é tão natural quanto estar vivo e reconhecer formas de vida, mas recentemente tem sido transformado em algo controverso: diversidade.
Em uma sociedade cada vez mais complexa em seus aspectos políticos, sociológicos e econômicos, o assunto também se tornou motivos para conflitos de ideias, comportamentos, atitudes e até mesmo políticas públicas. Diversidade para nós, humanos, representa inúmeras características: cor, etnia, idade, gênero, identidade de gênero, sexo, orientação sexual, condição socioeconômica, e tantos outros atributos que nos fazem diferentes uns dos outros.
Rejeitar o que nos faz diferentes ou atribuir juízo de valores com base em diferenças entre os indivíduos é incoerente com a própria existência. A vida como conhecemos hoje só existe graças a pequenas diferenças entre as formas de vida primitivas que em uma escala de bilhões de anos se acumularam, e após inúmeros rearranjos e transformações permitiu a existência da exuberante, porém ameaçada, natureza da qual fazemos parte. Este é um processo natural, que não é interrompido, e garante o equilíbrio entre os seres vivos.
Por que seria diferente entre nós humanos? Que critérios alguém pode escolher para determinar que uma característica física, social, ou comportamental é superior ou inferior a outra? Que benefício para a vida em comunidade pode existir ao ameaçar a existência de um grupo específico? O processo que se beneficia da diversidade para a garantia da vida é chamado de evolução.
Coexistir com diferentes pontos de vista, ideias e culturas deveria ser reconhecido como algo fundamental para o equilíbrio e nossa evolução como sociedade.
Assim como nenhum indivíduo tem, sozinho, as características para crescer e evoluir, nenhum grupo detém os atributos necessários para nosso progresso como comunidade. Valorizar as diferenças é valorizar a vida. É seguir em evolução e convergência com o que nos fez chegar aqui e pode nos levar ao futuro.
Na Trio, acreditamos na colaboratividade, essa newsletter é feita em muitas mãos, é colaborativa. Além disso temos fomentado as Rodas de Conversa por encontrarmos nelas esse resultado único que só alcançamos com a atmosfera plural e particular do pensar em conjunto. A novidade fica a cargo de uma nova agenda interna que interliga facilitadores para propormos experiências complementares em si. Fique de olho em nossa programação.
Alguns livros e outros insights:
Ler: Entre a cruz e o arco-íris, a complexa relação dos Cristãos com a Homoafetividade, de Marilia de Camargo César.
Assistir: Filme Estrelas Além do tempo, que ressalta a importância da valorização da diversidade e da inclusão.
Ler: Hiperculturalidade, Cultura e globalização, do filosofo contemporâneo Byung - Chul Han. É um livro que explora os contextos de nossa hipercultura.
Ler: Este livro é Gay, James Dawson. É um livro que explora os mitos e os preconceitos acerca da orientação sexual e identidade de gênero.
Assistir: Documentário The Call to Courage, de Brené Brow – que explora a importância da vulnerabilidade para inovação e a necessidade de estarmos abertos para desafiarmos nossos pensamentos e acessarmos outras áreas que não estão visíveis.
Assistir: Ted Diversidade, inclusão e vieses inconscientes - de Cristina Kerr. Clique aqui